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Prato e Bolso

“Pão e circo” já era: prato e bolso. Comida no prato e dinheiro no bolso – esse é o principal interesse da massa. Saído dela, o Presidente Lula tem demonstrado conhecer sua alma, e se portado com um pragmatismo de mestre – deixando a oposição literalmente no desespero: sem bandeira. Seu surrado discurso de combate à corrupção não cola nem com aquela super cola que promete colar até mentira como verdade… Pudera: tudo que faz é para tentar voltar a praticar as práticas que diz combater… E nem disfarçar consegue.

Como diz o jargão, o povo não é bobo. Sabe: sente. Sente a falsidade do discurso e vê, no bolso e na mesa, a diferença entre discurso e prática… Constata em seu cotidiano que este é o melhor e o pior governo que o Brasil já teve – e o mais esperto: sabe lidar com fatos. Tem percepção objetiva – e ação objetivista, mesmo parecendo assistencialista…

É um governo pragmático. Sabe que governar é gerir interesses – de quem interessa: quem vota – realmente elege: o povão – e quem paga a eleição… Focado em lucro e voto, não mais na restrita elite mediana (em entendimento, principalmente), bem assistida por seus representantes tradicionais, ora na oposição: os senhores da opinião…

Lula sacou que atender às demandas do seu eleitorado é barato – e lucrativo. Custa pouco, melhora os índices sociais (e de popularidade). De quebra, aquece a economia. Pouco dinheiro nas mãos de muitos gera mais consumo (e mais emprego, mais renda, mais tributos, mais investimentos) do que muito dinheiro nas mãos de poucos… Gera e gira mais riqueza. E deixa a massa feliz.

“Nunca antes na história desse país” a massa passou tão bem. Do ponto de vista político isso tem um efeito prático implacável: o eleitorado está sendo pago para não se interessar por lorota: blá, blá, blá de quem sempre esteve lá e não fez sequer o mínimo trivial para lhe merecer o voto. Ah, é compra de voto! E daí? É assim que se compra voto – atendendo às demandas do eleitorado. É para isso que se é eleito. O problema da oposição é que essa gente sempre quis o voto do povo de graça – mesmo recebendo por ele verdadeiras fortunas, pagas por seus financiadores. Mas o povo se deu conta de que impera a lei do mercado, e de que o voto é sua moeda forte – leva-o quem pagar mais: atender melhor suas demandas. E o xucro Luiz Inácio, como o trata o Senador Mão Santa, se deu conta disso. Simplório, não? Problema de quem só olha para o umbigo…

Social e economicamente, para o povão, o governo Lula é, de longe, o melhor – da história recente, pelo menos. Para os adversários, política e eticamente, tem sido o pior –evidente. Simplesmente porque teve seus pecados políticos mais expostos do que seus antecessores, mais profissionais em esconder a praxe do poder – sob o discurso da ética, negado na pragmática do seu exercício… Na falta de argumento acusam seus programas sociais de compra sistemática de votos e taxam-no de governo mais corrupto da história – e tome-lhe CPI…

É isso mesmo, Lula compra voto – com comida. A oposição quer comprar com CPI… Como povo não come CPI, e não tem o que lhe oferecer em troca do voto, arma o escarcéu – em vão…

Quem está experimentando pela primeira vez – como “nunca antes…” – o gostinho de consumir, de ascender econômica e socialmente, graças a um presidente que saiu das suas hostes, não vai trocar “o certo pelo duvidoso”. E é muita gente. Ele botou comida no prato e dinheiro no bolso dessa massa historicamente ludibriada com retórica. A oposição só diz que botou – mas quem passou fome não se lembra…

Sem fatos para trocar por votos, apelam para o velho truque da desconstrução da imagem do adversário – expondo-lhe os podres que sabem esconder bem. Porém, imagem é mais do que truques publicitários: arranjos propagandísticos – se constrói com história. E isso Lula tem – assim como resultados mundialmente reconhecidos, para mostrar, e respaldar sua sucessão. Ninguém chega ao final do governo com mais de 80% de aprovação falando lorota e fazendo corpo mole – só cometendo as besteiras de que é acusado. O povo percebe isso. Incrível, mas a massa tem percepção. A oposição parece que não…

Estão confrontando um político profissional. Lula sabe o que faz, porque faz e como faz. Não sobreviveu ao alopramento do seu partido, ao Mensalão e a todo o arsenal de denúncias e ataques que tem sofrido, com os índices de popularidade que tem, com amadorismo. Sabe como lidar com quem lhe mira a jugular – expor o padrão moral e as motivações de quem lhe ousa criticar…

A crise do Senado, que tentam, inutilmente, como sempre, colar na sua imagem, tem as mais diversas causas alegadas, exceto uma: a vice-presidência da casa é da oposição. Derrubando-se o titular, aliado do governo – seja ele quem for – esta importante ferramenta de poder é tomada por seus adversários…

A oposição está no seu papel: cobrar, criticar, fiscalizar, investigar, denunciar – e tentar tomar, legitimamente: pelo voto, o poder. Mas, com que bandeira? Com que autoridade? Quem tem o volume de CPIs arquivadas que essa gente acumula em suas experiências de governo tem autoridade moral para abrir CPI  contra quem quer que seja – e vender denúncias como argumento eleitoral? Submetida ao mesmo rigor ético, moral e legal a que quer submeter o governo, esta oposição sobreviveria?

Estes senhores passam verniz na cara quando vão à mídia – porque lhes falta vergonha para exibir. Acham que convencem a massa de que sua moral lodaçal é alternativa – ao resultado inconteste de um governo que é sucesso econômico e social… Isso é só cinismo, ou burrice profissional?

É mais fácil ao povo se lembrar do prato vazio do que do discurso vazio – sem lastro na conduta, no resultado sentido e comprovado no cotidiano de quem vota.

Povo vota nos resultados de quem lhe enche o prato e lhe alivia o bolso. Não na ética de quem investe na prata e especula na bolsa…

Coerência! Isso também rende voto…

Pode não parecer, mas o povo (que não come CPI – não custa frisar) percebe certas contradições…

São Paulo, 27/08/09

Yumbad Baguun Parral,

Escritor

mcfelix@bol.com.br

Obrigado por mais essa colaboração, Parral.

Espero que assim como eu, vocês demais leitrores, gostem do texto.